por Isabel Pereira
Quem fomos,
Quem somos,
Quem estava connosco e já não está.
A contagem dos dias é obtusa,
Porque todos eles são idênticos.
Já não se distingue dias da semana e dias de festa.
A saudade “martela” a mente.
Vem a doença e demência,
Vem a fraqueza e a inércia
E os dias contam-se na pacata cadeira em frente à janela… ou já na cama.
Foi-se a esperança,
Foi-se o brilho,
Chega a solidão,
Malfadada idade…
Pena, é mesmo pena que se não aproveite a riqueza interna destes seres humanos que já só “envelhecem”, mas são tão sábios.
Recheados de experiências valiosas.
Exímios contadores de histórias,
Deram-nos colo,
Agora são peso!
É urgente que se unam forças neste Portugal imenso,
Onde se cristalizam nos corpos a saudade e solidão,
Que se insurjam as vozes,
Que se institua da assembleia da república à casa de família:
Um voto de louvor!
Um voto de dignidade!
Um voto de gratidão e amor!
Para esta geração que lentamente morre antes do óbito.