Na nossa sociedade observamos uma maior tendência para a rejeição do que para a inclusão. Podemos observar rejeição em relação às pessoas africanas, aos imigrantes, às pessoas com outra orientação sexual ou que vivem na pobreza. Assim, como podemos observar o mesmo sentimento em relação às pessoas muito ricas, muito bonitas ou com muito sucesso. Ou seja, há uma tendência para rejeitar quem é ou vive de uma forma muito diferente de nós.
Qual é a origem desta rejeição generalizada? Temos que nos recordar que o que observamos na sociedade é um reflexo do que acontece à pequena escala. Quando um novo ser chega a este mundo é acolhido por uma família e é aí que ele experiencia pela primeira vez a rejeição.
O sentimento de rejeição pode ser sentido, por exemplo, quando uma criança pede algo ou fala uma vez, duas, três ou mais e permanece sem resposta. Parece que a sua voz não é ouvida, que é invisível, que é ninguém… Durante muitas gerações, os pais trataram deste modo as crianças porque acreditavam que estas eram “seres inferiores”, e, que por isso não mereciam ser tratadas como adultos. Daí, acharem que não tinha importância, se por exemplo, estivessem a conversar com adultos, e não lhes dessem atenção ou as ignorassem.
É muito importante ganhar consciência sobre estes comportamentos e evitar repeti-los. Na realidade, as crianças são seres humanos e merecem ser tratadas com o mesmo respeito e atenção que os adultos. Aliás, alguns estudos indicam-nos que as crianças até aos quatro anos têm uma forte ligação ao mundo espiritual. Por isso, não são de todo seres que estão num estado inferior, muito pelo contrário.
As crianças também podem experienciar o sentimento de exclusão através da rejeição dos seus progenitores. Dentro de uma criança vive a sua mãe e o seu pai. A sua proposta evolutiva é integrar as energias dos seus progenitores e conseguir construir um equilíbrio entre estas diferentes energias. Por isso, quando uma criança ouve a mãe a rejeitar o pai, o que ela sente é que está a ser rejeitada uma parte de si (a parte do seu pai).
Este sentimento de rejeição pode ser sentido não apenas em relação aos progenitores, mas também em relação a outros parentes. Por exemplo, se a família rejeitou algum parente porque apresentava determinada característica e a criança mostra novamente essa peculiaridade. O filme de animação “Coco: A vida é uma festa” exemplifica bem esta situação.
Este filme conta-nos a história de um menino que quer ser músico, tal como queria ser um dos seus parentes falecidos, e que vai ter que enfrentar vários obstáculos até que a sua paixão seja amada pela família. Pois, tal como nos diz o pai das constelações familiares Bert Hellinger, através da “Lei da pertença”, um dos propósitos da família é incluir e amar cada um dos seus seres. Se um ser é rejeitado é quebrada a estrutura familiar. Isso faz com que a característica rejeitada (que representa o ser rejeitado) voltar a emergir de geração em geração, até que seja curada e amada.
Se uma criança for rejeitada, sente que ela não importa, que é ninguém. Aprende que pode tratar os outros da mesma forma. Julga que é legítimo pôr os outros de parte se estes forem diferentes dela… E obviamente transforma-se num adulto com forte tendência para a rejeição dos outros seres da humanidade.
Para inverter este percurso é necessário tratar as crianças como seres humanos! E inspirá-las a aceitar as diferenças dos outros seres. Como? Através do exemplo do teu comportamento (pois, faz parte da natureza das crianças imitarem os adultos) e através de histórias (em livros ou filmes) que as estimulem a desenvolver a tolerância e a empatia.