O truque é um misto de malabarismo e acrobacia entre a autocritica realista, o bom senso, a capacidade de manter a esperança e o sentido de humor. Por fim, juntar a este conjunto, um par de bolas, quero dizer: coragem!
Sim, viver exige muita coragem para não explodir totalmente e continuar a sorrir para aqueles que consideramos mais miseráveis do que nós. Lidar com desafios é aquilo que chamamos de eufemismos para os problemas.
“Ter pensamentos positivos muitas vezes só funciona para os outros, por isso, onde raio vou eu buscar positivismo se tudo o que pode correr mal, acontece?” – já dizia Murphy. Ora bem, está aqui um belo imbróglio, não é? Eu funciono muito bem com papel e caneta, ou uma agenda. E adoro listar as coisas, sejam elas boas ou más. Então, vamos a isso.
Primeiro de tudo: limpar a cabeça cheia de emoções. Se estas já tiverem tomado posse do seu corpo, então vamos lá exorcizar o corpinho: um banho de sol ou de imersão; uma caminhada ou um pouco de meditação atenta à respiração, se fizerem favor. Não custa nada. 1,2,3…
Depois, sim, papel e caneta, recordam-se? Listar o que bloqueia, preocupa ou consome tempo e atenção pela negativa. Resumindo: escrever uma lista de problemas.
Em seguida, fazer uma lista de possíveis soluções. Dependam estas totalmente de vós ou não, fica ao vosso critério.
À medida que listam uma e outra, podem questionar o grau de prioridade para o tempo presente. Costumo colocar esta questão: será relevante agora para o meu presente entender este desafio como útil ou necessário? Sou mais feliz se não me preocupar? O que me faz sentir melhor?
Parece ridículo, mas ajuda muito. Até porque, se o leitor achar ridículo, quando auto questionar, provavelmente o seu problema é o autojulgamento. Fica já com esta dica valiosa: de que lhe vale se auto julgar? Fá-lo por si ou em substituição de alguém que já lhe fez o mesmo?
Continuando o meu raciocínio, depois de identificadas as duas listas, podem hierarquizar o que devem resolver, como resolver e quando o devem fazer. A isto tudo se chama pragmatização da resolução. Mas onde é que isto nos pode tornar mais otimistas?
Ora, o otimismo é um conjunto de emoções que advém de pensamentos. Pensamentos estes que influenciam o comportamento humano. Se nós pragmatizarmos o nosso pensamento de forma focada ou orientada, podemos gerar novas emoções. E daquelas mesmo boas.
O otimismo gera motivação e vice-versa.
O que há de bom nestes processos de alternação das emoções é que aprendemos a valorizar as que não nos parecem nada saudáveis: a tristeza impele a refletir, a angústia ajuda na procura de soluções, o medo alerta-nos.
Nesta natureza nada se perde, tudo se pode transformar. Ao lerem isto, e pensarem agora na vossa vida, nos vossos problemas, conseguem equilibrar acrobaticamente as emoções? Se a resposta é sim, então estou a escrever para os otimistas!
Até breve, malabaristas.