Por: Olga Simões |
A família é um sistema dinâmico, está em constante movimento. É uma aprendizagem e uma construção contínua e com mudanças e adaptações necessárias em cada fase.
A adolescência é uma fase de transição muito desafiante para os próprios e para aqueles que os rodeiam, em particular, os seus pais. É também um momento fortemente marcado por mitos, inverdades e muitas incompreensões. Uma das questões mais levantadas nesta fase é a dificuldade que muitos Pais têm em comunicar com os seus filhos. Ou porque “fervem em pouca água” ou porque “estão sempre fechados no quarto” ou porque “não percebem o que lhes digo” ou porque “só querem o telemóvel” ou porque “não mostram interesse em nada”… será mesmo?
E se a falha de comunicação estivesse no lado dos pais?
Se o “problema” não fosse dos filhos mas sim dos pais? Cada fase do ciclo vital corresponde um determinado papel. E, sendo a Adolescência uma fase de transição, significa que está a acontecer uma mudança de papel. Com tudo o que isso implica: as inseguranças, as indecisões, as opiniões, as novas sensações, as vontades, os gostos. Tanta mudança junta! Aquela pessoa que “ontem” era uma criança, está agora a desbravar um caminho na busca da sua essência para se tornar num jovem adulto. Do outro lado, do lado dos Pais, acontece igualmente uma mudança de papel. Estão a deixar de ser Pais de uma criança e a aprenderem a ser pais de um adolescente. E aqui começam as discussões, as argumentações, as insatisfações e as falhas de comunicação.
Sim, comunicar com os adolescentes é possível. E comunicar, é todos estarem disponíveis para dar e receber informação.
E como?
– comunicar de forma clara, directa e simples;
– evitar acusações e suposições;
– respeitar, compreender e valorizar as opiniões;
– dar opiniões e sugestões e não ordens ou proibições;
– permitir escolhas, dando-lhes responsabilidade nas suas decisões;
– evitar o “eu avisei-te”, “no meu tempo não era assim…”, “não suporto quando fazes…”, “desiludiste-me…”, “estás a ser infantil”…;
– usar “não concordo com o que dizes…”, “não gosto quando fazes…” ou “gostaria que fizesses…”;
– evitar comparações com outros;
– mostrar interesse pelos gostos, vontades e interesses, mesmo que sejam diferentes (e serão, certamente!).
É fundamental que os pais aceitem que a sua criança cresceu. O respeito conquista-se respeitando e o adolescente necessita de sentir confiança, segurança, compreensão e interesse por parte daqueles que são e serão o seu primeiro modelo. Mesmo que nesta fase pareça que não.
Comunicar com adolescentes? Sim, é possível!