por: Catarina Louçada
Este ano foi complicado e precisas mesmo das férias porque te sentes em baixo? Então, vou ensinar-te uma ferramenta ótima que podes usar e abusar para te sentires melhor. Se estás próximo de umas férias ou fim-de-semana prolongado, ainda melhor. É importante que tenhamos tempo para estarmos connosco.
Vamos lá, pronta?
Ser como uma bola
Se reparares, qualquer bola passa a vida a ser chutada, atirada, pisada… e o que é que elas fazem? Saltam! E chegam ainda mais alto do que estavam originalmente. Nós conseguimos ser uma bola, desde que saibamos como o fazer e é isso mesmo que vou partilhar contigo agora:
1- a tua queda
Por vezes a vida atira-nos para o chão. Estamos habituadas a pensar em situações muito fortes como a perda de um familiar, um despedimento ou uma doença, por exemplo. Mas há muito mais situações capazes de nos provocarem esta queda. Por vezes, o simples arrastar de meses e meses de pequenos problemas pode fazer com que sejamos atiradas ao chão. Pesadas… caídas… sem ânimo… certo?
Neste primeiro passo, o que temos a fazer é assumir dois aspectos indispensáveis:
- é normal cair
- somos feitas de material bem resistente
Na verdade, tudo é uma fase e, independentemente do que estejamos a passar, vamos passar a outra fase dentro de algum tempo. Portanto, nesta fase, podemos focar-nos em dar o salto o mais rapidamente possível e apenas isso.
Ou seja: se tiveres de cair, não te assustes. Lembra-te que és uma bola: quando tocas o chão, ressaltas e sobes mais alto.
O bom de épocas como o Verão é darem-nos tempo para encontrarmos a receita certa para este salto mas, sobre isto, falaremos mais à frente.
2- O embate
Quando tocamos no chão, dói. Passamos daquele sentimento de “estou a cair” para o “isto dói a sério”. Mais uma vez, são dores que podem deixar mágoas, se não nos lembrarmos que somos feitas de material resistente. Pegando no exemplo da bola: atiramos a bola contra algo e podemos ter a certeza de que ela ficou deformada no embate, certo? Mas assim que se liberta, volta à sua forma inicial, com ainda mais energia.
É esta imagem que queremos ter presente: mesmo que tenhamos vindo de um embate capaz de deixar marcas, podemos libertar-nos e voltar à forma inicial com ainda mais força. Não precisamos ter medo do embate porque, se reparares, se ninguém chutar a bola, ela não se mexe. Os chutos que a vida nos dá impulsionam-nos e levam-nos a uma escolha: ser bola ou ser ovo. O ovo parte no embate e fica desfeito. A bola aumenta energia e salta mais alto.
Quando te sentires a embater num problema, questiona-te se queres ser ovo ou bola e se estiveres a precisar de mais força agora, aproveita para repetires:
eu sou uma bola resistente que salta e ressalta.
O truque é manteres sempre a consciência de que tens uma escolha, mesmo que ainda não saibas como a concretizar. Ninguém te pede que saibas ser uma bola, só te aconselho a que decidas ser uma porque depois a tua única questão será: “como vou usar esta experiência para dar o salto?” em vez de ficares quebrada.
3- Liberdade
Esta é a fase mais curta de todo este processo e a mais impactante. Quando tomas a decisão consciente de ser uma bola, começas a entrar nesta fase mas é o pensamento:
“ok, como é que vou sair desta experiência?”
Repara que qualquer situação é apenas um facto. Os sentimentos que proporciona, dependem da pessoa que vive esse facto e da sua perspectiva. Recordo-me de vários exemplos que iriam alongar este artigo, alguns dos quais:
- a felicidade de um menino de bairro social que recebe os óculos velhos e riscados de um menino que os doou no âmbito de uma ação social. O que para um era lixo, para o outro era uma possibilidade. Mesmo facto: usar os óculos velhos e riscados.
- uma Cliente que descobre que “apenas” perdeu um dos seus bebés (numa gravidez gemelar em que acreditava que tinha perdido ambos… numa 3ª perda gestacional e ao fim de quase 15 anos a tentar) e conseguiu encontrar felicidade.
Os factos afectam-nos de acordo com as nossas experiências, expectativas e, claro, perspectivas. Se nos focarmos na rentabilização de cada facto como uma possibilidade de salto, rapidamente passamos a aceitar a dor como uma ferramenta ou um gatilho. Ok, nao é rapidamente, mas é um trabalho de podemos ir fazendo aos poucos.
A liberdade acontece quando aceitas que o facto doloroso é apenas isso mesmo: um facto presente algures na tua vida. Não define o teu passado e não determina a tua vida. Esta liberdade emocional, empodera-te e torna-te mais forte… força essa que podes usar para dar o salto.
4- O salto
O salto na verdade é um caminho. Somos como uma bola, ok, mas não saltamos tão rapidamente. Temos de construir a nossa subida e percorrer aquele percurso. Se tivermos este facto presente, vamos avançando com serenidade e segurança, certas de que conseguirmos chegar onde nos faz sentido, depois da experiência dolorosa.
A questão, aliás, é mesmo esta: analisar que salto queremos dar. Repara que, depois de cairmos, não ficamos iguais ao que eramos. Mudamos. Mudamos de diversas formas, algumas mais suaves que outras. É aqui que podemos usar este tempo para nós:
- para percebermos quem somos agora, depois deste processo
- de forma a analisarmos o que realmente queremos
- para assumirmos o nosso compromisso pessoal de mudança
A bola salta, salta mais alto… mas com uma trajectória definida. Quem define o destino da bola? Podiamos dizer que é quem a chuta mas, se reparares atentamente, é na verdade o local do embate. Porque é essa base que a bola vai usar como trampolim para o seu salto. Então, quando embates, dá atenção ao que ali podes aprender para poderes usar nesta fase.
Como podes ver, ser uma bola exige que passemos tempo connosco, que observemos o que mudou (cresceu) em nós e o que queremos agora, com mais esta experiência adquirida. Pessoalmente, adoro utilizar períodos de férias e descanso para estes encontros e recomendo-te que faças o mesmo.
Lembra-te que a vida é plena de emoções, garante que escolhes as que te fazem mais feliz.
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