Por Filipa Silva
Olá Tribo,
Partilho hoje convosco uma história de escolhas.
De acordo com a minha experiência, nós as mulheres, somos muitas vezes empurradas para caminhos e comportamentos pré-definidos como sendo os correctos e em especial para uma mulher.
Mas nem sempre nos revemos nesse caminho e ter a coragem de fazer diferente é por vezes mal visto e criticado negativamente.
Existe já uma definição sobre como se deve comportar uma rapariga, uma namorada, uma esposa, uma mãe.
Até a idade está estabelecida para as diferentes etapas da nossa vida.
Partilho a minha história mesmo sabendo que nem todas vão estar de acordo mas para mostrar àquelas que também proventura se possam ter sentido assim ou sentem e não tiveram ou não têm a coragem de o dizer abertamente, o possam fazer, pois não estão sozinhas.
- Fui mãe aos 39 anos.
Foi uma escolha minha consciente, ser mãe mais tarde. Quis fazer outras coisas, sabia que um filho muda tudo, é bom mas é diferente e queria aproveitar outro tipo de aventuras.
Graças ao inventor da pilula conceptiva☺nós as mulheres hoje podemos escolher ( é certo que nem sempre) mas na grande generalidade dos dias de hoje, quando queremos ser mães.
Tive a chamada gravidez “santa”. Trabalhei até à vespera do nascimento e sentia- me muito bem.
- Eu e o meu marido não quisemos saber o sexo do bebé.
Espanto! Porquê? Como vão escolher a roupa do bebé?!
Nós quisemos manter a magia do momento, era indiferente de que sexo seria, queriamos era que estivesse bem de saúde.
Contámos com a colaboração dos médicos mas tínhamos de os avisar antes das ecografias.
E foi mágico!
- Escolhi fazer cesariana.
Sempre tive horror ao parto dito normal. Não me revia nessa situação. Como estava a ser seguida na MAC, obviamente muito dificilmente atenderiam ao meu pedido a menos que fosse por razões médicas. E por isso falei com a minha ginecologista e pedi-lhe um nome de um colega no privado para o fazer.
Sim é verdade tinha seguro de saúde e isso ajudou obviamente mas principalmente para mim, a minha escolha para ter o meu filho estava tomada e era preciso respeitá-la.
Sim é certo imponderáveis existem nessas coisas por isso tive sempre que manter a mente aberta.
Mas felizmente tudo correu lindamente. A recuperação foi rápida e a ter outro filho seria da mesma forma.
O facto de estar tudo programado deu-me uma grande tranquilidade e uma serenidade que de outra forma não acharia possivel ter.
- Escolhi não amamentar.
Também não me revia nesse processo.
No curso de preparação do parto havia muita insistência nisso mas quando eu disse que não queria, a enfermeira felicitou-me por eu ter tido a coragem de o dizer. Que sabia que muitas mulheres sofriam ao tentar fazê-lo porque se sentiam na obrigação de o fazer e depois era um sofrimento total todo o processo e isso depois passa para o bebé.
Resultado o pai sentiu-se verdadeiramente envolvido em todo o processo de alimentar o bebé.
Sabia exactamente o que ele comia por isso podia eliminar esse factor quando ele chorava. Dormia mais horas, não tinha cólicas.
Eu pude iniciar a minha actividade desportiva novamente pois não estava dependente de mim para comer e podia deixá-lo com a avó.
A pediatra na primeira consulta disse: “esta mãe eliminou todas as fontes de stress!”
O meu filho é um miúdo saudável, não tem mais nem menos que as normais doenças que se apanham num infantário.
É um miudo tranquilo. Dorme bem, come bem, é super desenvolvido a falar.
A minha médica ainda hoje me diz: Fez o que era preciso para que a sua familía fosse feliz.
E é verdade, é isso que sinto verdadeiramente, que foram as minhas escolhas que contribuíram para todo um processo mais sereno e tranquilo com consequências no equilibrio familiar e também no nosso bem estar e no do bebé.
Não temos de ser todas iguais. O que é importante é que possamos fazer as nossas escolhas sem nos sentirmos culpadas por não estarmos a seguir o guião pré estabelecido.
Devemos decidir com o coração aquilo que achamos que é melhor para nós e para os que nos rodeiam.
Sermos livres para fazermos a história de escolhas para sermos mais felizes – sem culpas nem recriminações.