Co-sleeping e amamentação prolongada. Atentado à vida do casal?

Escrito por: Cátia Godinho

Co sleeping e amamentação prolongada serão um atentado à vida do casal?

Em parentalidade há muito pouca coisa certa ou errada. O que há são realidades e necessidades diferentes para cada família.

Amamentar muito tempo, pouco tempo ou não amamentar de todo. Partilhar ou não o quarto ou a cama com os filhos. Não são perguntas de um teste de verdadeiro ou falso em que há um certo ou errado. No entanto há premissas que estão para lá de erradas, ou que, pelo menos, não podemos generalizar.

Amamentar em livre demanda, amamentar até tarde, dormir com os filhos prejudica a relação e a sexualidade do casal.

Isto não é verdade.

A chegada de um filho abana a relação, não a amamentação ou a ausência dela. Ou se tem uma relação sólida, ou não se tem. E um filho vem por isso à prova sempre! Seja o primeiro ou o quinto!

O pós parto pode prejudicar a sexualidade do casal, não o facto de partilhar ou não o quarto ou a cama com os filhos.

Tenho quatro filhos, estou grávida do quinto. Obviamente não são obras exclusivamente da minha autoria, e no meio de todo este turbilhão vive um pai, que tal como eu, faz o seu melhor todos os dias.

Amamentei os quatro, ainda amamento o mais novo, isso nunca travou a nossa sensualidade, sedução ou sexualidade enquanto casal.

Fizemos, (muita atenção à forma como é conjugado este verbo, na primeira pessoa do plural, NÓS FIZEMOS, não eu) co-sleeping com os quatro até cerca dos dois anos, ainda o fazemos com o mais novo (17 meses). Isso nunca nos impediu de ter uma vida sexualmente bem activa, à excepção das alturas em que a minha libido misteriosamente desaparece nos pós-parto.

Partilhar a cama com os filhos não significa colocar de lado a sexualidade do casal.

Amamentar os filhos até tarde não é um atentado à cumplicidade do casal.

Maternagem não significa esquecer a vida de casal.

Tudo isto significa apenas que, para a nossa família tudo faz sentido que assim seja. Pai e mãe concordam e são uma equipa.

A nossa imaginação é posta à prova, descobrimos novas formas de dar asas à nossa sexualidade, de seduzir, de experimentar recantos da casa nunca antes explorados.

Uma das coisas que me deixa com os cabelos em pé, é mesmo ouvir que o co-sleeping ou a amamentação prejudicam a vida e a sexualidade do casal. Como se a vida de casal se restringisse à cama, no sentido figurado e literal.

Para os mais cépticos, deixem que vos descanse: há todo um universo além da cama. A expressão “vá para fora cá dentro” também se podem aplicar à nossa casa! Explorar toda a casa, encontrar desafios, fazer jogos, é algo que eleva a nossa cumplicidade e sexualidade a um patamar completamente diferente!

É claro que temos desavenças! A nossa vida não é toda cor-de-rosa, é sim um magnífico arco-íris de todas as cores, das mais fluorescentes às mais escuras. Mas a amamentação, o co-sleeping e a nossa forma de amar os filhos nada têm a ver com as nossas desavenças. Todos os casais têm fases menos boas. Mesmo sem filhos, mesmo sem todas estas variantes.

Podemos dizer sim, que co-sleeping, maternagem e amamentação são escolhas muito pessoais, que variam de família para família, de pessoa para pessoa. Mas não os podemos acusar de acabar com uma relação. Se a relação acaba é porque há outras lacunas.

Estamos juntos há 14 anos, casados há quase 12, com 4 filhos, quase 5, muitos momentos difíceis mas que sempre se ultrapassaram. Co-sleeping e amamentação são a nossa realidade há 11 anos, com alguns intervalos pelo meio. Apesar dos momentos mais difíceis, somos uma equipa e independente dos caminhos que se escolhem em termos de parentalidade, é esta cumplicidade e trabalho de equipa que definem a relação.

É fácil julgar quem não tem a mesma postura, ou quem não opta pelo mesmo caminho. As mães que não amamentam sentem-se muitas vezes atacadas. As mães que amamentam também se sentem atacadas. E o mesmo acontece com outras questões como o co-sleeping, o babywearing, trabalhar fora ou ficar em casa.
No entanto não estamos numa competição. Não precisamos invalidar as escolhas do outro para validar as nossas.
Cada família é única e o que serve a uma pode não servir a outra e isso não será necessariamente errado. Apenas diferente!

 

 

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