Por Catarina Louçada
Fizeste despedida de solteira?
Não aquela que a malta faz antes de casar, mas sim aquela que deveria ser feita antes de os filhos nascerem. Claro que há sempre uma babysitter ou uma avó mas a pressão da parentalidade pode arruinar uma relação. Mais do que proteger o casamento, queremos mesmo é proteger o namoro!
Antes de mais, o marido é mais do que apenas a pessoa com quem partilhamos a nossa vida. É o nosso amante, o nosso namorado. Para conseguirmos desligar do nosso serviço 24/7 que prestamos aos nossos filhos, há alguns truques que podem ajudar-te:
- Não é o que se diz, é da forma que diz
Eu posso dizer ao meu marido “por favor, compra fraldas, quando vieres para casa”. Ou posso dizer “oh jeitoso, traz fraldas para o bebé e um beijo sexy para mim”.
É tão mais divertido se incluirmos piadas e pequenas brincadeiras na nossa rotina. Não se trata de termos de estar ali no namorico, cansadas e com olheiras, trata-se de manter o objetivo de criar sorrisos e manter o ambiente agradável.
Leva-nos este ponto, a uma questão relevante: como manter a chama do casal acesa, quando parece que a nossa própria chama está apagada?
É que é simples sermos brincalhonas e divertidas, quando estamos descansadas e felizes. Mas quando estamos sobrecarregadas ou preocupadas, acabamos por não ter esta capacidade disponível. Como um telemóvel sem bateria, temos de nos pôr à carga. Como em tudo na vida, resolver o problema é mais complicado do que prevenir. Assim sendo, procura momentos para te cuidares e teres esta disponibilidade mental e emocional.
- Um toque na hora certa
A comunicação não verbal é muito poderosa e tem um enorme impacto na nossa vida conjugal. Pequenos detalhes que fazem a diferença, como um abraço, uma festa no rosto ou simplesmente, um encostar momentâneo. É uma forma de dizer que continuamos a ser namorados, mesmo que não nos apeteça namorar naquele momento.
É normal que a vida tente meter-se no meio da nossa relação. Não temos é de permitir que ela o faça.
Casada há quase 10 anos, com 3 filhos, grávida do 4º, posso dizer que nem sempre é simples. Aliás, pode ser muito exigente, mesmo, principalmente completamente sozinhos durante 8 anos. Até porque eu e o Nuno somos completamente diferentes em termos de personalidade e gostos. Se nós conseguimos, todos conseguem!
- Momentos a sós
Houve uma altura em que percebemos que a nossa relação estava a ficar mecânica, já te aconteceu? Passamos a reservar jantar para dois, pelo menos duas vezes por semana. Este é um exemplo de momentos a sós que fazem tanta falta. Confesso que por vezes até comíamos tostas no sofá, enroscados a ver um filme. Mas era maravilhoso.
Antes de termos filhos, temos imensa liberdade. Temos total liberdade. Depois das crias nascerem, temos responsabilidades, imensas responsabilidades. E, de repente, podemos correr o risco de nos distrair-nos de nós mesmos e nos esquecermos de todos os outros papéis, além da parentalidade.
Manter a chama viva, é acima de tudo uma escolha de cada dia.
A determinação de usufruir em pleno daquilo que conquistamos: uma relação potencialmente feliz. Cada dia, é como que uma nova embalagem de oportunidades e é necessário que haja ações intencionais capazes de as aproveitar ao máximo.
- Ultrapassar as mágoas e distâncias
Umas das minhas regras pessoais é não stressar com algo que não recordarei daqui a 50 anos. Se daqui a 50 anos eu não me lembrar do motivo pelo qual discuti hoje, então não vale a pena discutir. Se daqui a 50 anos eu ainda me lembrar, então, não vale a pena discutir. Porquê?
Porque se eu não me lembrar, não merece que desperdice aqueles que são os melhores anos da minha vida, numa questão pequena e irrelevante. Se me lembrar, então provavelmente é demasiado sério e merece outro tipo de ação. No geral, simplesmente percebo que cada um fez o seu melhor e não há caso para dramas. Mas nem sempre temos esta perspectiva e vamos acumulando mágoas que ficam por resolver. É uma bagagem de pedras que trazemos para esta viagem que é o casamento a longo prazo.
É necessário assumirmos o compromisso pessoal de resolver ou libertar as mágoas.
(aliás, guardar mágoas é como andar com pedras na mala: só pesa a quem as transporta, ficamos cansadas e de mau humor e depois ainda somos as loucas rabujentas!) Libertar, libertar, libertar! Para conseguirmos ter espaço para receber o que de bom há para receber. (e, se não houver nada, resolva-se de outra maneira mas guardar mágoas é que não!)
- Recordar o que nos uniu
Nem sempre conseguimos criar novos momentos no presente. Lá está, o ritmo pode ser alucinante. De certeza que já ouviste a expressão “recordar é viver”, certo? Bem, uma mensagem, um telefonema.. um pequeno detalhe:
“E se agora estivessemos a caminho daquele fim-de-semana que passamos em Paris? Lembras-te dos crepes e crepes que comemos, meu deus?”
Uma recordação que apenas vocês dois consigam identificar é uma excelente forma de reforçar a ligação. E, como podes ver, estou a dar sugestões que podem ser concretizadas na tua rotina, de forma simples. Não se trata de mudar radicalmente!
Trata-se de rentabilizar ao máximo, o pouco tempo que há.
- Códigos e team building
Quando temos uma relação de longo prazo, é impossível não haver piadas privadas ou pequenos sinais. O que muitas vezes acontece, é que são desperdiçados porque não são considerados um recurso. Tenta identificar frases, expressões e palavras que tenham marcado momentos. Por exemplo:
“deco, deco” é uma expressão que nos recorda uma fase em que a nossa filha não dormia e andava o corredor de um lado para o outro a dizer “deco, deco”. Recorda-nos noites de raclette, juntos e de mãos dadas. Uma fase em que ríamos quase quase a chorar, de tanto cansaço por privação de sono. “ir à caça” recorda-nos um outro momento, muito pessoal. Quando ouvimos alguém falar em caça, licenças de caça ou coelho à caçador, invariavelmente, olhamos um para o outro e rimos. É nosso. Não é nada de especial, foi apenas a noite em que conversamos pela primeira vez sobre casamento. No meio da conversa, alguém perguntou “e estás pronta para ir à caça?”. No sentido de todas as responsabilidades da vida adulta.
A questão é aproveitar estes momentos e torná-los tão nossos que criamos uma espécie de “bolha”, onde nos encontramos diariamente. Nem que seja 5 minutos. É essencial ajustar expectativas. Com filhos, há mais responsabilidades e exigências. Da mesma forma que durante a semana temos menos tempo para almoçar e já o sabemos. Ajustando as expectativas, criando momentos de team building, escolhendo intencionalmente viver aquele dia com aquela pessoa e provocando um sorriso em cada oportunidade… temos casamento para dar e durar! Com ou sem filhos chorões.
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