E o que é a Endometriose?

Por Carla de Oliveira Meira

Endometriose, começou em 2013 foi  a primeira vez que ouvi esta palavra. Nunca tive dores menstruais até deixar a pílula nesse ano, devido à uma areia na uretra que me atirou para uma urgência. E acabei por ter que tirar também do rim algumas que lá estavam mas não eram visíveis. No entanto, já era a Endometriose a dar um sinal porque menstruava normal e tomava a pílula.

  • E o que é a Endometriose? 

Assim, este é uma doença que invade e se apodera do corpo da mulher e que, a pouco e pouco, lhe retira qualidade de vida. Aliás, que lhe põe a mente num futuro que se vislumbra incerto. 

Após a realização de alguns exames, colonoscopia, ressonâncias magnéticas ecografias e outros exames de imagem aquela confirmação tomou a forma de “Endometriose profunda grave” grau 4.

Sem dúvida de que não é normal sentir dor, que se torna incapacitante durante a menstruação. Assim, apesar do desconforto pélvico ser muitas vezes transversal a todos os dias da vida da mulher com endometriose, durante a menstruação a situação complica-se muito. Então, tantas e tantas vezes ouvi que “isso é normal”. Ainda para mais quando há 15 anos, quase 20, este era um assunto muito pouco falado, o que nos dias de hoje não se justifica. Aliás, até o ginecologista que me seguia na altura que até tinha pertencido a um cargo importante na MAC e que supostamente eu confiava… enfim… 

Atenção que nem todos os ginecologistas e técnicos de ecografias “têm olho” para a Endometriose e vamos confiando.

Então, a pílula contínua é o único meio de controlo da sintomatologia. Consequentemente, da doença ao impedir o corpo de fazer o ciclo menstrual normal. Assim, impede-se o crescimento daquele tecido anómalo, e impede-se o tumor de crescer. Bem como de os sintomas de piorarem. Mas chegou a um ponto em que a minha vida voltou a ser comandada por ela, pela endometriose.

Então, ao mesmo tempo a minha dor psicológica crescia tanto ou mais que a física. Tinha sido pedida em casamento e já não queria casar pois havia a possibilidade de infertilidade… e não queria condicionar a vida ou o sonho de alguém. Mas, o meu namorado agora marido nunca deixou que essa ideia fosse para a frente e casámos Maio de 2015.

Fui operada em Abril de 2014 pela MELHOR MÉDICA DO MUNDO.

A Dra. Filipa Osório o meu anjo da guarda na terra. Sim, acreditem que eles existem cá em baixo também.

Então, durante a cirurgia na medida do possível, foi removido o máximo da doença. Foi-me retirado um tumor do septo reto vaginal. A cirurgia através de uma Laparoscopia é o único tratamento disponível. Mas, apesar de não prometer livrar a mulher da totalidade da doença o que nem sempre é possível, e como tal curá-la, permite que alguma qualidade de vida lhe seja devolvida. E assim que as hipóteses de uma gravidez espontânea aumentem.

Por todos e mais alguns motivos, não se acomodem e procurem ajuda médica especializada. Não é normal ter dor pélvica constante, que se torna incapacitante. Ou hemorragias intensa e sem cessar. Aliás, não é normal e nesse ponto nem há argumentação possível!

Assim, a causa em si para o desenvolvimento desta doença continua por explicar. Certamente de que se trata-se de uma doença que não tem cura. Mas, em que determinadas medidas farmacológicas e não farmacológicas (como o estilo de vida – alimentação, exercício físico ou evicção ao máximo de factores de stress) ajudam a amenizar a sintomatologia e a aumentar a qualidade de vida da mulher. Mas, a cirurgia, em última instância, surge como a grande aliada no controlo da doença.

Deixo, assim, o meu alerta a todas as mulheres que me estejam a ler. 

Espero que o meu testemunho vos ajude e vos desperte para esta realidade. E que, se for caso disso, tal como eu possam ver a vossa qualidade de vida de algum modo reposta.

Não se conformem, se acham que algo não está bem com o vosso corpo. Aliás, procurem ajuda, ninguém vos conhece melhor que vós mesmas. Sem dúvida de que nós mulheres temos um sexto sentido muito próprio. E sabemos que isso do “é normal” não nos cabe como resposta. Tenho no céu 2 estrelinhas. Uma, fruto de uma gravidez etópica resultado de uma FIV. E depois de 2 ICI’S engravidei finalmente de gémeos um deles partiu às 11 semanas. 

Fiquei desolada, pois pensamos que poderá correr mal novamente. 

Mas vencemos! E o meu bebé que está aqui. Assim, apesar de tudo o que passámos, constantes idas à urgência ataques de ansiedade, pânico uma depressão na gravidez, conseguimos lutar até aos 7 meses para nascer. Mas, devido à Endometriose a minha placenta envelheceu e os nutrientes não passavam para o meu bebé. E cada vez descia mais de percentil. 

Então, na noite de 19 de novembro de 2018 nasceu o meu Santiago.

Infelizmente, fiz uma pré eclepsia e estávamos os dois em risco de vida. Eu fiquei internada uma semana e ele 3 semanas e meia na neonatologia do Hospital da Luz. Aqui teve os melhores enfermeiros e médicos. Aliás, devemos-lhes tanto e só quem passa por uma neonatologia sabe o que é. Hoje ainda luto com o choque e o stress que passei no bloco. Mas ele é e sempre foi a minha força. Porque depois de um pós parto tudo muda as hormonalmente, fisicamente, psicologicamente e precisamos mesmo de muito apoio. 

A Endometriose ainda dá sinais, mas somos  mulheres somos fortes. 

Só que muitas vezes, o psicológico dá cabo de nós. No entanto, mesmo tomando a pílula contínua continuo com dores intensas nas costas, cervical, enxaquecas não é fácil viver com Ela…divulguem ao máximo pois cada vez existem mais mulheres com Endometriose. E casos muito muito graves! Então, perdemos muitos “amigos” que não percebem e acham que é só uma dorzinha esta mesma que nos põe 15 dias num sofá a contorcer-nos com dores. Aliás, que nos impede de levar a vida que levávamos! Assim, acabam-se os convites para isto e para aquilo pois “ela está sempre com dores”… deixem-nos sair da vossa vida não fazem mais sentido.

Nunca desistam dos vossos sonhos pois são eles que comandam a vida! 

E só fica na nossa vida quem se preocupa connosco. Assim, guardo dentro de uma caixinha todas as agulhas e tenho um diário que escrevi com todos os sintomas de cada dia que vivi, o que sentia. 

Da próxima vez vou partilhar convosco o que foi passar por todos os Tratamentos de Fertilidade.

Carla de Oliveira Meira 

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