Dar amor pelo caminho!

Por Filipa Garcia

Cuidado! Este texto fala de Amor.


Quando pensei em escrever um texto sobre a minha experiência, enquanto voluntária num dos bairros mais problemáticos do Bangladesh, fiquei na dúvida se vos havia de fazer chegar mais um dos tantos relatos da dolorosa e gratificante viagem de voluntariado internacional.
Mas disso, está o Google cheio.

São muitos os projectos para os quais se pode atirar de cabeça, nas mais variadas áreas de intervenção. Está tudo disponível on-line e cada um terá as suas motivações.
Há quem o faça para exorcizar os seus próprios demónios, e percebo que ao envolverem-se num serviço social desta espécie, faça cumprir ali determinadas funções psicológicas de forma a obter satisfação nas suas vidas. Não há aqui nada de errado, atenção. Se o ajuda a si, ajudando os outros, está tudo bem.

Há quem o faça para ter mais likes nas suas fotos, das várias redes sociais. Porque todos vocês sabem que senão tiver no Instagram, então não aconteceu, certo? (ler esta ultima frase com ironia, por favor).

Há ainda quem o faça sob a mais pura forma de Altruismo. Ajudar sem receber nada em troca. Nem dinheiro, nem auto-realização, nem um super like maroto naquela foto num bairro de lata.


Seja o que for que o motiva em dar a sua contribuição humanitária para a sociedade, saiba que mesmo uma pequena ajuda é melhor que muita pena.
Quanto a mim, e é sobre isso que vos quero falar, o que me motiva é o Amor.

Sim, esse fenómeno neurobiológico que acontece no nosso corpo. Esse sentimento que transforma vidas e que traz explosões químicas de sensações.

Padeço desse mal. Tenho em abundância. Acho que algures aqui no meu cérebro são produzidas demasiadas hormonas amorosas. Como reação, o meu corpo foi, imagine só, distribuir este Amor por 127 crianças de uma pequena comunidade da cidade de Dhaka, no Bangladesh.

 


E por mais transformadora que uma experiÊncia destas possa ser, por que é, dificilmente encontrará um depoimento que faça jus ao emaranhado de sentimentos profundos e dolorosos que ocorrem no decorrer dos dias, dentro de uma comunidade deste tipo.
Se a minha mente volta e meia está lá? Sim, está. SE há imagens que não me saem da cabeça e voltam Às vezes em forma de pesadelos noturnos? Sim,voltam.
Se passei muitas dificuldades fisicas e emocionais? Sim, a toda a hora.
Se pensei em vir embora mais cedo?Sim, assim que cheguei.
Mas o Amor acontece.
E o Amor leva sempre a melhor. Foi esse pulsar, foram os abraços e sorrisos que gentilmente me foram oferecidos por quem só tem isso mesmo para oferecer, que me deixaram ir ficando
dia após dia.

Posso não ter mais nada para dar, mas enquanto o meu coração bombear sangue saudavelmente, enquanto tiver forças para os ajudar a prosperar, é minha intenção ir ficando nas vidas destes meus meninos.
E no final de contas, que esta fatura é cara e sem descontos, o saldo que ficou é mais do que aquele que levei.
Posto isto, se está a ler estas palavras e tem vontade de se entregar a um projecto humanitário, saiba que a única condição, o único requisito, é amar o próximo. Basta tão somente isso.
Saiba que independentemente das escolhas que faça para a sua vida, é tão mais fácil se der Amor pelo caminho…

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